Foto: (Reprodução)
A Polícia Federal cumpre na manhã desta segunda (29) mandados de busca e apreensão para avançar na investigação sobre a Abin Paralela no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Um dos alvos é Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. Nessa nova ação, a PF mira pessoas que foram destinatárias das informações produzidas de forma ilegal pela agência.
Ação é um desdobramento das operações Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira (25), e da Última Milha, realizada em outubro de 2023. Ambas envolvem o uso do software espião FirstMile pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e produção de relatórios de inteligência no governo Bolsonaro.
A PF investiga se a agência utilizou o software de geolocalização e se produziu relatórios sobre ministros do STF, políticos e outros adversários do ex-presidente.
Na operação da última quinta (25), o foco principal foram policiais que atuavam na Abin, em especial no CIN (Centro de Inteligência Nacional), estrutura criada durante a gestão Bolsonaro.
Ao todo, sete policiais federais são alvos da ação. Foram expedidos mandados de busca e apreensão, inclusive contra Alexandre Ramagem, diretor da agência na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido.
O CIN foi criado durante a gestão de Alexandre Ramagem e teria produzido relatórios e utilizado do FirstMile em favor de interesses do governo Bolsonaro.
Ramagem é muito próximo da família Bolsonaro, em especial do vereador Carlos Bolsonaro, alvo da PF nesta segunda (29).
A ligação entre os dois foi um dos motivos de Ramagem ter seu nome barrado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para o comando da PF, em 2020.
À época, a relação de amizade dos dois já era conhecia e os dois passaram juntos a festa da virada de ano de 2019 para 2020.
As suspeitas que vieram à tona na operação causaram reação política em Brasília, com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, falando em “um dos maiores escândalos da história” e a “ponta de um novelo que envolveu dezenas de milhares de pessoas”.
Por outro lado, o caso deve causar ainda mais tensão na relação de parte do Congresso com o Supremo, já que foi a segunda operação em pouco mais de uma semana com buscas dentro da sede do Legislativo.
Bolsonaristas tentam articular medidas para rever os poderes do STF na volta do recesso, em fevereiro, e dizem que há perseguição política.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) escreveu em rede social: “Mais um capítulo da ditadura do Judiciário. Cabe ao Senado brecar esta perseguição e preservar as liberdades”.
Folha Online